Paulo Portas elogiou hoje, em Macau, a China, um país que considera ser a "estrela ascendente da globalização" e o líder da "nova ordem internacional", lançando ao mesmo tempo críticas aos Estados Unidos.
"É uma honra estar presente nesta conferência (...) num momento (...) tão especial para a República Popular da China (RPC), certamente a estrela ascendente da globalização e das suas consequências", disse Portas, na Conferência Internacional da 'Faixa e Rota' e o Desenvolvimento de Macau.
Participando na qualidade de presidente do conselho estratégico internacional da Mota-Engil para América Latina e África, e como ex-vice-primeiro-ministro de Portugal, Portas não poupou nos elogios à China, um país que "escolheu Portugal como uma das suas primeiras e mais estáveis parcerias estratégicas da Europa", devido à confiança estabelecida através do processo de transição de Macau.
"Portugal provou à RPC que era possível empresas chinesas - estatais ou privadas - vencerem privatizações num Estado membro do Euro, mesmo quando competiam com companhias europeias, desde que a sua proposta fosse a mais vantajosa. Portugal (...) foi também o destino que a emergente classe média chinesa escolheu para adquirir uma segunda residência na Europa", disse, sublinhando que as relações entre os dois países "não sofrem do mal do preconceito, como tantas vezes vemos por aí".
Portas, que não quis falar à imprensa, sublinhou no seu discurso a importância da China no contexto global, enfatizando a "extraordinária ascensão da RPC na nova ordem internacional".
O ex-governante apresentou uma longa lista de "exemplos icónicos" para ilustrar o poderio da China, indicando que se trata do líder mundial na exportação de bens, aumentou o investimento na Europa "quase 20 vezes em menos de 20 anos", vai produzir 50% dos carros elétricos do mundo até 2020, entre outros.
O gigante asiático tornou-se "verdadeiramente a primeira economia do mundo, se tivermos em conta o PIB [Produto Interno Bruto] ajustado por poder de compra".
Ao mesmo tempo lançou críticas à Europa e aos Estados Unidos: "O Presidente chinês defende um modelo económico de mercado livre. Ao mesmo tempo, a nova bandeira americana parece ser a do protecionismo".
"Os europeus foram educados sob esta atitude de que o mundo é ocidental e largamente eurocêntrico. Mas o mundo onde vivemos hoje é cada vez mais oriental (...) e cada vez menos europeu. Os americanos foram educados sob outra certeza: 'Somos os líderes de um mundo polarizado' (...) Não é fácil para esta geração americana perceber que um mundo global é multipolar", afirmou.
Lembrando Deng Xiaoping, "um dos mais extraordinários estadistas da era moderna", que liderou a abertura do país, Portas disse que "o que mais impressiona não são as mudanças na China, é a rapidez e dimensão dessas mudanças".
Portas admitiu que Pequim enfrenta alguns problemas, como o envelhecimento, riscos ambientais ou a "transição de empresas estatais para negócios privados", mas manifestou confiança na sua resolução.
"Os que achavam que a China não conseguia gerir a combinação entre a liberalização económica e uma autoridade política forte estavam enganados", afirmou.
O consultor da Mota-Engil terminou a sua intervenção com uma apologia à diplomacia económica: "Quanto mais comércio tivermos, mais conseguimos garantir um mundo pacífico. O comércio traz confiança, não guerra".
Paulo Portas participou na Conferência Internacional da 'Faixa e Rota' e o Desenvolvimento de Macau, onde estão, entre hoje e sexta-feira, governantes, empresários e académicos da China, Portugal, Tailândia e Brasil, entre outros.
Esta conferência acontece depois de, em maio, cerca de três dezenas de dirigentes mundiais se terem reunido em Pequim para o fórum de cooperação internacional 'Uma Faixa, Uma Rota', versão simplificada de 'Faixa Económica da Rota da Seda e da Rota Marítima da Seda para o Século XXI', um plano internacional de infraestruturas que pretende simbolicamente reavivar a antiga Rota da Seda, o corredor económico que uniu o Oriente o Ocidente.
ISG (DM) // MSF
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